É tempo de Páscoa! A Páscoa Cristã (Páscoa em sua origem etmológica quer dizer passagem) relembra os últimos dias que Jesus Cristo passou na terra. Como citado na Bíblia, em seu cotidiano, Jesus estava sempre rodeado de pessoas simples como comerciantes e pescadores o que sempre nos traz passagens bíblicas envolvendo peixes, pães e vinho. Não à toa são os produtos mais consumidos nessa época do ano (com exceção do chocolate que teve seu ingresso na páscoa cristã por meio de um sincretismo com um costume pagão).
Quando criança sempre ouvimos ser pecado comer carne vermelha na sexta-feira da paixão, eu particularmente já ouvi até que era pecado beber alguma bebida alcoólica não fosse o vinho! Os enófilos e enólogos que me perdoem (e não me crucifiquem!) mas vos trago a boa nova que cerveja pode ter muito mais a ver com a Páscoa que o próprio vinho!
Falaremos mais sobre a história da cerveja em outros posts, mas adianto que o estigma que a cerveja ganhou como uma bebida de ralé e o vinho a bebida grã-fina veio da dominação romana sobre os egípcios o que tomou seu lugar inclusive nos Evangelhos. Tomando como base textos de romanos convertidos, historiadores presumem inclusive que o milagre de Jesus nas bodas de Caná foi transformando água em cerveja. Como podemos ver no livro de João (tive a liberdade poética de mudar um pouco o texto), o encarregado (seria o sommelier?) da festa provou a bebida transformada por Jesus e disse: Todos servem primeiro uma Deus (falaremos dessa cerveja num futuro!) para o brinde, depois que os convidados já estão inchados de tanto bebericar e comer salgadinho, as cervejas que descem quadrado são servidas; mas você guardou a melhor até agora!
Há um certo sentido nessa fala do encarregado tendo em vista que a Judeia era um local mais propício para o cultivo de grãos que ao de uvas e ainda assim eram bebidas muito mais caras que as cervejas.
A presença da cerveja na Páscoa não se limita a uma briga cultural em traduções bíblicas. Mais precisamente na quaresma, monges beneditinos da ordem cisterciense dos trapistas que vivem exclusivamente de seu trabalho para sustentar suas orações (ora et labora) alimentavam exclusivamente da cerveja que fabricavam nesse período por estarem em jejum. Tanto que suas cervejas ganharam a fama de “pão líquido” por ter tanta sustância quanto um alimento sólido.
Discussões à parte acerca dos costumes pascais, proponho aos leitores uma abertura em seus conceitos e sentidos para aproveitar, independente de crenças, a união fraternal e familiar que essa época nos traz, brindando sempre o amor, a união e a solidariedade!
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